sábado, 31 de outubro de 2009

Tragédia Inimaginável!

“Imagine que a humanidade, de uma hora para a outra, por um acidente inexplicável, não tivesse mais acesso a computadores, celulares, internet, TV digital”.

Acordei atrasado e estranhando o fato de meu celular não ter despertado. Intuitivamente coloquei a mão sobre a minha cabeceira da cama, o peguei na mão e já levantando para ir o banheiro percebi que ele estava apagado. Que hora para acabar a bateria, pensei. Joguei-o na mochila do notebook juntamente com o recarregador para recarregar a bateria mais tarde lá no escritório.

Ao sair de casa a pé, pois meu escritório fica a menos de 2 km de casa, percebi a agitação na rua. Algumas pessoas desesperadas até, pois ninguém conseguia usar o celular. Estranhei, critiquei mentalmente as operadoras de celular e despreocupado continuei meu caminho para o escritório.

Chegando ao hall do prédio onde fica a minha empresa, percebi a irritação de todos. A síndica estava lá esbaforida, sendo pressionada por um bando de condôminos, porque os elevadores não estavam funcionando, sendo que o prédio tem 40 andares. Perguntei ao funcionário, que via tudo como num filme, e ele me respondeu que o computador que gerencia o grupo de oito elevadores não dava nenhum sinal há horas. O técnico já estava ali, sem saber o que fazer e com seu bip tocando incessantemente, aparentemente por causa de outros clientes que também estavam com problemas semelhantes.

Resignado, resolvi subir até o 33º andar, onde fica minha empresa, pela escada. No caminho encontrei muita gente fora de forma sentada nas escadas recobrando o fôlego e balbuciando coisas que não dava para entender.

Já no escritório, os funcionários que lá estavam vieram ansiosamente ao meu encalço, falando todos ao mesmo tempo. Pedi para falar um de cada vez e só então pude entender que nenhum computador ou celular estava funcionando na empresa. Aliás, no prédio inteiro.

Através do telefone fixo, tentei falar com um amigo que trabalha numa agência que regula as empresas de telefonia no país, mas só dava ocupado. Imaginei que todos tentavam falar ao mesmo tempo. Olhei pela janela e vi uma fila imensa para utilizar o telefone público, sendo que o primeiro da fila estava com o mesmo problema. As empresas haviam diminuído o número de telefones púbicos nas ruas, após a popularização do celular.

Nisso, profundamente irritado, chega minha sócia que deveria estar embarcando na ponte aérea, dizendo que o trânsito estava um caos, pois os computadores não estavam operando os semáforos, não havia como comprar passagens aéreas pela internet, o balcão da companhia aérea estava completamente abarrotado de pessoas esbravejando, sendo que todas as aeronaves estavam no solo sem poder decolar.

Liguei a televisão e obtive apenas os chuviscos básicos. Todas as redes dependentes de satélites estavam fora o ar. Apenas as rádios funcionavam e davam conta de que o mundo tinha regredido décadas em poucos minutos. Também informavam sem parar que aos saques começavam a ocorrer por toda a parte.

Pensei em ir até a empresa onde minha esposa trabalha, mas não sabia o endereço. Meu Deus! Percebi que sem o Google fico reduzido a pó. As listas telefônicas há muitos anos deixaram de ser funcionais. E minha filha fazendo intercâmbio na China? Como falaria com ela sem o MSN e sem o skype?

Fiquei totalmente perdido sem minha agenda do iphone. Sem internet não podia escalonar as entregas dos insumos junto aos fornecedores. O que seria dos meus negócios? Provavelmente os meus fornecedores estavam mais preocupados que eu, pois tudo, desde o planejamento da produção até a entrega, estão baseados em computadores, internet, satélites, mensagens eletrônicas e GPS. Nem os sistemas de segurança estavam funcionando.

Na rua, as pessoas andavam sem rumo e com olhar distante. Todos de alguma forma tentando voltar para casa para se unir à família e tentar entender o que aconteceu.

Nada operava adequadamente, carros, ônibus, trens e aviões. Não havia sequer blocos de papel suficientes para anotar a demanda que estava pela frente. Os correios jamais conseguiriam suprir a demanda de informações trocadas através de emails e celulares. As companhias de telefone jamais conseguiriam voltar ao sistema de instalar telefones, casa por casa. A indústria de papel, da mesma forma, e com as restrições ambientais, teriam também uma missão impossível.

Os equipamentos em hospitais não funcionam mais, Logisticamente, sem esses equipamentos, os suprimentos de alimentos, roupas, combustíveis, remédios, dentre outros ficariam inviáveis.

E pensar que ontem falava com minha filha na China. Como e quando ela vai voltar? Países com inclinação ditatorial iriam voltar a regimes autoritários, já que a comunicação estava prejudicada? Ela ia ficar refém do regime local?

Não, sei. Só sei que vou para de elucubrar por aqui, pois, já estou ficando angustiado. Não se preocupem, foi só uma pirada de um cara completamente dependente da tecnologia.

Isso jamais vai acontecer, não é?